A novela da TV Globo "Salve Jorge" levantou a
polêmica: afinal, será que os tapetes que chamamos de persa são, de fato,
turcos?
Além de ser mais resistente, um tapete com muitos nós possui
desenhos com mais definição. Para se ter uma ideia, os modelos orientais
apresentam, em média, 50 nós por cm², sendo bastante duráveis. A maneira como
um nó é confeccionado também diz muito sobre o tapete. A técnica turca, por
exemplo, é feita em movimentos contínuos e circulares – dois fios para cada
urdidura (linha vertical do tear). De modo diferente, o nó persa é mais
simétrico e tem apenas um fio em cada urdidura, ficando menos resistente.
A confecção da malha ainda pode revelar se o tapete foi
tecido manualmente ou não. A maioria dos artesanais apresenta franjas,
indicando o trabalho com os nós na urdidura interna. Outro fator que ajuda na
hora de diferenciar os produtos é analisar a textura dos materiais. Os tapetes
feitos industrialmente não possuem nós e, por isso, recorrem a resinas para
deixar a pelagem firme.
Tradição e antiguidade são alguns dos aspectos que valorizam
um tapete. Os modelos persas, por exemplo, estão entre os mais caros do mundo e
seu metro quadrado pode alcançar a marca dos US$ 15 mil. “Para reconhecer um
legítimo persa, o truque é observar se o verso é nítido e idêntico ao trabalho
frontal”, afirma Navid Rasolifard, proprietário da Tabriz Collection. Quanto
aos materiais usados, é comum encontrar modelos de lã, algodão e seda (mesmo
sendo pouco resistente).
Confira abaixo as principais características dos modelos
comercializados:
Persa: modelos confeccionados no Irã, antiga Pérsia, que
registram sua marca por meio de desenhos geométricos, medalhões e florais. As
cores mais usadas são vermelho, amarelo e azul. É comum a presença de algodão e
lã no corpo do tapete e seda no contorno dos desenhos.
Indiano: os tapetes não possuem tanta nitidez nos desenhos,
mas abusam de florais nas estampas. Para os materiais, eles recorrem a uma
mistura de viscose (substituto popular da seda) e lã. Apresentam bastante
resistência.
Turco: de cores primárias vivas e fortes, os modelos
fabricados na Turquia são repletos de figuras geométricas, animais e imagens de
jardins. Os exemplares mais antigos recorrem à lã como material básico.
Europeu: um típico exemplo é o modelo Aubusson, criado no
século 18 na França, que prioriza desenhos de arranjos florais. A estética é
baseada em tonalidades neutras e estampas clássicas.
Asiático: os modelos chineses buscam no movimento e na
maciez seu trunfo de venda. Por isso, capricham no uso de fios altos (com mais
de 10 centímetros) e buscam escolher as cores da moda.
Novos materiais
Mesmo com a tradição de materiais como lã, algodão e seda na
confecção de tapetes, hoje é possível encontrar alternativas no mercado.
Modelos de nylon, juta, bambu, sisal e linho oferecem boas opções e já mostram
sua força. Um exemplo disso é o trabalho de Nara Guichon. A designer busca um
diferencial nos tapetes de algodão com redes de pesca de um centímetro de largura.
“Trabalhamos o material reciclado no ateliê até chegar à largura ideal. As
redes são resistentes e nos permite criar produtos personalizados”, afirma.
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